sábado, 17 de abril de 2010

Dez e meia, onze horas.

Para Corujão e Intercine:

Quando vem a noite, ele chega, te abraça, ele vem, você não quer mais ninguém, nem mesmo a ti, só seu conforto, "tô quase morto", troco de roupa depois da sopa.
Quando vem a tarde, no crepúsculo, no pôr-do-sol, eu ouço a tampa da panela de pressão, um barulho longe de um avião, me vejo chato, não sou beleza, eu me levanto, me dá tristeza.
Te faz chorar, espreguiçar, mãos para o alto, corpo estralar.
E fecha os olhos pra se entregar, recomeçar, pra descansar, recarregar, se recompor, pra relaxar.
Não é você, não sou eu , estou aqui, estou ali, cai um dente, a cobra cresce, pessoa estranha que aparece.
Corre-corre, tudo escuro, eu quase caio, vem um balaio, fico parado, cai um raio, fico andando, não sou mais eu, não sou mais seu, fico assustado, adrenalina que me acendeu.
É limonada, café, capuccino, sou um menino, no meio de tudo, desse silêncio, do grilo, do latido, do tic-tac, da geladeira, bato a cabeça na cabeceira, vou ao banheiro, tudo é barulho, volta para cá, meu travesseiro.
E quem me dera morrer assim, nesse escuro que me esclarece, em mais um sonho que eu me lembraste, pra eu te contar e esconder aquilo te interesse, não estou alerta, é meu relógio que me desperta, descabelado, emcuberto, babado, lençol molhado, enfim meu sono está acabado.

domingo, 11 de abril de 2010

Sem explicação.

Para Talita Ferramola, que me torna mais um Raul no mundo:

Camões tenta explicar,
Platão tenta esconder,
mas ninguém vai conseguir falar
o que o amor tem pra dizer.

Cássia não desiste nem tenta
e Nando guardo o amor com Ana.
Quem naõ sente, diz que lamenta
e quem sente, diz que se engana.

Tem gente que sente e diz não
e tem gente que não sente e diz sim.
Não se espante ao ver contradição,
mas se assuste quando não tiver um fim.

Enganoso, duvidoso, oportunismo ou meta.
Eterno, finito,vermelho ou azul.
É melhor a gente ter uma opinião concreta ?
Ou é melhor ser igual o Raul ?

Que pousava nas sopas sem se arrepender,
e morava em terra igual um amante.
Que sentia o amor e começava a escrever,
e preferia ser uma metamorfose ambulante.